domingo, 18 de dezembro de 2016

Resenha - Casamento de conveniência

Casamento de conveniência - Georgette Heyer 

“Quando o conde de Rule pede a mão de Elizabeth Winwood, não sabe o problema que causará à bela jovem. Ela está comprometida com o admirável, mas pobre tenente Heron. O final infeliz para essa história só pode ser impedido pela impetuosidade da irmã mais nova de Elizabeth, Horatia, que se oferece para se casar com lorde Rule.”


Achei esta sinopse, assim como o título, escritos levianamente. Em minha opinião ambos não transmitem corretamente a essência da obra.

O título, Casamento Inconveniente, a meu ver estaria correto se a trama acontecesse em torno disso. A proposta e todo o acontecimento sobre o casamento cobrem apenas os primeiros capítulos, algo em torno das primeiras 50 páginas (em um livro de quase 350 isso é muito pouco). A partir daí a história toma um rumo diferente, focando na vida atrapalhada e nos apuros de Horatia como um chick lit do século passado mesmo.

Por este motivo a sinopse acaba se tornando estranha, já que trata apenas dos primeiros acontecimentos da trama. Com o desenvolver da história são apresentados personagens importantes e acontecimentos do enredo que vão além do descrito.

Mas não acho que a sinopse tenha que ser um resumo do livro. Porém da forma como foi escrita nos induz a acreditar que será um típico romance de época, com foco no casal protagonista e todas as melosidades que os acompanham até seu final feliz com o casamento. E não foi bem isso que encontrei. 
“Ambientado em 1776, Casamento de conveniência foi publicado pela primeira vez em 1934. Numa revolução literária para a época, o casamento não é visto como o final feliz para a história, mas como seu ponto de partida, o mote a partir do qual a trama se desenvolve”.

Encontrei em Georgette Heyer uma grande autora. Sua escrita com momentos cômicos e diálogos sagazes que eu realmente não esperava ler em um romance de oitenta anos atrás.

A história em si, começa com a situação do casamento que logo quando é resolvida nos mostra as consequências dessa decisão na vida de outros personagens. Conhecemos toda a família Winwood: as irmãs de Horatia, Charlotte e Elizabeth e Visconde Pelham como o característico irmão mais velho protetor, mas extremamente leviano e que se deixa levar por apostas e orgulho facilmente. É um personagem extremamente cômico que me cativou durante a leitura, apesar de em certos momentos me sentir incomodada com sua ingenuidade, que não condiz com a sagacidade mostrada em certas situações durante o livro. 

São apresentados também a viúva Lady Massey que apesar de um papel relevante na história não foi muito aproveitada pela autora, diferentemente de Lord Lethbridge um libertino que tem papel marcante na relação de Rule, Horatia e outros pormenores da história. Conhecemos também o desagradável primo herdeiro de Rule, Drelincourt, que em sequer uma cena se demonstra remotamente suportável.  

Apeguei-me também ao personagem de sir Roland Pommeroy que pode ser considerado supérfluo na história, mas me encontrei desejando saber mais sobre a vida dele, realmente um de meus personagens favoritos, assim como Edward Heron que em suas pequenas aparições já se valeram como grandes personagens e de grande ajuda. Aquele tipo de pessoa que se pode contar.

O estilo de narração deste livro não foca apenas na mocinha ou no casal principal. Durante a leitura você é levado para o ponto de vista de outros personagens, em suas cabeças ouvindo seus pensamentos, isso me deixou um pouco desnorteada no começo, mas depois que me acostumei achei interessante essa forma de narração apesar de sentir falta em certos momentos de saber o que os protagonistas estariam pensando de certas ocasiões. Ainda não li outra obra da autora, por isso não sei dizer se é assim em outros também.

“Georgette Heyer é considerada a grande dama do romance histórico britânico. Pioneira em seu gênero literário, mulher da qual diziam ter ‘uma cabeça masculina’, suas obras retratam com precisão histórica os costumes ingleses, em fragmentos genuínos sobre moda, hábitos, linguagem, convenções sociais, e sempre trazendo um tom de sarcasmo e humor”.

Se você gosta de livros engraçados, com muitos personagem e não se focando em apenas um, irá adorar se jogar nesta leitura. Se estiver procurando uma linda história de amor, sugiro que vá procurar em outro lugar. Casamento de conveniência apesar de ter um romance, este se encontra num nível bem mediano. Não saciando nossa vontade de esbarrarmos numa grande aventura com sentimentos avassaladores.

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