Casamento de conveniência - Georgette Heyer
“Quando
o conde de Rule pede a mão de Elizabeth Winwood, não sabe o problema
que causará à bela jovem. Ela está comprometida com o admirável, mas
pobre tenente Heron.
O final infeliz para essa história só pode ser impedido pela
impetuosidade da irmã mais nova de Elizabeth, Horatia, que se oferece
para se casar com lorde Rule.”
Achei
esta sinopse, assim como o título, escritos levianamente. Em minha
opinião ambos não transmitem corretamente a essência da obra.
O
título, Casamento Inconveniente, a meu ver estaria correto se a trama
acontecesse em torno disso. A proposta e todo o acontecimento sobre o
casamento cobrem apenas os primeiros capítulos,
algo em torno das primeiras 50 páginas (em um livro de quase 350 isso é muito pouco).
A partir daí a história toma um rumo diferente, focando na vida
atrapalhada e nos apuros de Horatia como um chick lit do século passado
mesmo.
Por
este motivo a sinopse acaba se tornando estranha, já que trata apenas
dos primeiros acontecimentos da trama. Com o desenvolver da história são
apresentados personagens importantes e acontecimentos
do enredo que vão além do descrito.
Mas
não acho que a sinopse tenha que ser um resumo do livro. Porém da forma
como foi escrita nos induz a acreditar que será um típico romance de
época, com foco no casal protagonista e todas
as melosidades que os acompanham até seu final feliz com o casamento. E
não foi bem isso que encontrei.
“Ambientado
em 1776, Casamento de conveniência foi publicado pela primeira vez em
1934. Numa revolução literária para a época, o casamento não é visto
como o final feliz para a história,
mas como seu ponto de partida, o mote a partir do qual a trama se
desenvolve”.
Encontrei
em Georgette Heyer uma grande autora. Sua escrita com momentos cômicos e
diálogos sagazes que eu realmente não esperava ler em um romance
de oitenta anos atrás.
A
história em si, começa com a situação do casamento que logo quando é
resolvida nos mostra as consequências dessa decisão na vida de outros
personagens. Conhecemos toda a família Winwood:
as irmãs de Horatia, Charlotte e Elizabeth e Visconde Pelham como o
característico irmão mais velho protetor, mas extremamente leviano e que
se deixa levar por apostas e orgulho facilmente. É um personagem
extremamente cômico que me cativou durante a leitura,
apesar de em certos momentos me sentir incomodada com sua ingenuidade,
que não condiz com a sagacidade mostrada em certas situações durante o
livro.
São
apresentados também a viúva Lady Massey que apesar de um papel
relevante na história não foi muito aproveitada pela autora,
diferentemente de Lord Lethbridge um libertino que tem papel
marcante na relação de Rule, Horatia e outros pormenores da história.
Conhecemos também o desagradável primo herdeiro de Rule, Drelincourt,
que em sequer uma cena se demonstra remotamente suportável.
Apeguei-me
também ao personagem de sir Roland Pommeroy que pode ser considerado
supérfluo na história, mas me encontrei desejando saber mais sobre a vida dele,
realmente um de meus personagens favoritos,
assim como Edward Heron que em suas pequenas aparições já se valeram
como grandes personagens e de grande ajuda. Aquele tipo de pessoa que se
pode contar.
O
estilo de narração deste livro não foca apenas na mocinha ou no casal
principal. Durante a leitura você é levado para o ponto de vista de
outros personagens, em suas cabeças ouvindo seus
pensamentos, isso me deixou um pouco desnorteada no começo, mas depois
que me acostumei achei interessante essa forma de narração apesar de
sentir falta em certos momentos de saber o que os protagonistas estariam
pensando de certas ocasiões. Ainda não li outra obra
da autora, por isso não sei dizer se é assim em outros também.
“Georgette
Heyer é considerada a grande dama do romance histórico britânico.
Pioneira em seu gênero literário, mulher da qual diziam ter ‘uma cabeça
masculina’, suas obras retratam com precisão
histórica os costumes ingleses, em fragmentos genuínos sobre moda,
hábitos, linguagem, convenções sociais, e sempre trazendo um tom de
sarcasmo e humor”.
Se você gosta de livros engraçados, com muitos personagem e não se focando em apenas um, irá adorar se jogar nesta leitura. Se estiver procurando uma linda história de amor, sugiro que vá procurar em outro lugar. Casamento de conveniência apesar de ter um romance, este se encontra num nível bem mediano. Não saciando nossa vontade de esbarrarmos numa grande aventura com sentimentos avassaladores.
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